MARCAS NO ESPELHO
O que a madrugada chama de calma
Eu chamo simplesmente de peso sobre os ombros
E o meu maior desejo não é estar sob a chuva
Nem ter a alma livre de qualquer inquietação
Ou mistificar as marcas no espelho
Minha única aspiração é a sublimação do tempo
Agora que a noite despertou meus sonhos
E me fez navegador de tantas águas
Imagino as coisas mais lúcidas desses carinhos
Que invento para te agradar
Descubro sobre as esquinas as saudades e os amores
E levo em meu desequilíbrio um doce dissabor
Depois de um breve imaginar
Mas
As horas tecem o caminho que seguirei
Pelas manhãs e eu queria a paz que nem a
Morte me traria, mas que existe, eu sei, no teu olhar
A angústia que agora se desenha em teu rosto
É algo que eu não contaria num simples poema
Seria melhor se eu pudesse pintar um quadro
Com todas as ausências que pressinto
Vejo calmo, que me esperas numa chuva simples
E sofro de um padecer frio e completo
Nos meus raros momentos de felicidade eu invento
O que não poderia nunca deixar de lado
O teu amor.