MARCAS NO ESPELHO

O que a madrugada chama de calma

Eu chamo simplesmente de peso sobre os ombros

E o meu maior desejo não é estar sob a chuva

Nem ter a alma livre de qualquer inquietação

Ou mistificar as marcas no espelho

Minha única aspiração é a sublimação do tempo

Agora que a noite despertou meus sonhos

E me fez navegador de tantas águas

Imagino as coisas mais lúcidas desses carinhos

Que invento para te agradar

Descubro sobre as esquinas as saudades e os amores

E levo em meu desequilíbrio um doce dissabor

Depois de um breve imaginar

Mas

As horas tecem o caminho que seguirei

Pelas manhãs e eu queria a paz que nem a

Morte me traria, mas que existe, eu sei, no teu olhar

A angústia que agora se desenha em teu rosto

É algo que eu não contaria num simples poema

Seria melhor se eu pudesse pintar um quadro

Com todas as ausências que pressinto

Vejo calmo, que me esperas numa chuva simples

E sofro de um padecer frio e completo

Nos meus raros momentos de felicidade eu invento

O que não poderia nunca deixar de lado

O teu amor.

João Barros
Enviado por João Barros em 14/08/2019
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