Os usos babilônicos da raiva
às vezes sinto raiva da minha imaginação.
me cansam as palavras tão discernidas que enfeitam poemas sobre a força de uma mulher.
hipócritas essas palavras dançam
me ludibriam visões do mundo novo
que não verei um dia
tão verde tão livre tão nosso
enquanto isso
a fome me bate o estômago
não comi hoje
não sorri
não esperancei
- vai ficar tudo bem.
a calma me engana y me leva nas costas sentada no dorso* duro do assento cinza sem cinto.
queda do dia na noite cansada pelas árvores impressas no currículo vitae amassado que desliza arredio na Washington Soares.
quando acordo a cara fechada me dizem que os primeiros pés-de-galinha de minh' face de menininha serão os da fronte.
no meio das sobrancelhas tortas. mal feitas.
de impaciência bruta estresse y mal amada.
mal comida dizem.
o racismo me vomita
não digere
mastiga os ossos
e suga o tutano
que viça na minh' escrita
l e n t a m e n t e
enquanto isso mensais estratégias megascópicas reiniciam sua épica jornada para botar comida dendi casa.