Lástima Oculta (2019)
Pálpebras bloqueiam a imagem perfeita,
Escondem me a ilusão que eu criei,
Distraem as noites mais sombrias,
Apagam tudo o que sei.
Me sinto isolado,
Mesmo com todos ao redor,
Sei que estou sozinho,
Tô indo de mal a pior.
Pra quê sentimentos,
Se posso viver sem eles?
Tudo será em vão,
Se for por aqueles...
Não importa o quanto nademos,
Sempre iremos nos afogar,
Não importa o que faça,
Não sairás do lugar.
O lado negativo,
Nem sempre é ruim,
Às vezes ele nos serve,
Para nos dizer “o fim”.
Não sei o que houve,
Ou talvez eu saiba,
Mas tenha medo,
De sua raiva.
Por que ages assim?
Nem tentou compreender,
Apenas quis saber de mim,
Aquilo que não viria a entender.
Não apago memórias,
Nem tento esquecer,
Só queria que soubesse,
Que eu gostava de você.
É tão complicado entender,
Alguém que não confia em você,
É tão doloroso saber,
O quão viria a te esquecer.
É duro enfrentar a verdade,
Sem estar preparado,
Engasgo com palavras,
Que dizem me estar errado.
Será que ainda sou o mesmo?
Ou será que estou perdido?
Por que permaneces calado?
Nem aparenta estares ferido.
O gosto da amarga solidão,
Tempera o prato principal,
Medo, angústia, insegurança,
E uma coisa essencial...
Meus olhos estão encharcados,
Da água mais pura do que suas palavras,
Tão perfeitamente destilada em dor,
Quanto produzida a partir de mágoas.
Me diga! É errado estar feliz,
Longe daquilo que te faz bem?
Ou fingir ser amado,
Quando você sabe que é por quase ninguém?
Duvido do que penso,
Logo não sinto nada,
Mas percebo que existo,
Quando chega a madrugada.
Mesmo que recuse-se,
Finja, ignore e ressinta;
Tente saber mais,
Antes que você minta.
É tão difícil lidar,
Com a falta daquilo que eu tinha,
Mesmo que nunca tenha sido meu,
Era mais fácil e cabia numa só “linha”.
Eu corro, me perco, desapareço.
Porém nada muda sem mim,
Eu poderia fingir estar bem,
Talvez eu goste que seja assim.
Eu não quero estar aqui,
Desista de me procurar,
Só penso em uma coisa:
“Como sairei desse lugar?"
Por que choras calado,
Num tom de baixo estima?
Cobre tuas tristezas com sorrisos,
E aos poucos se aproxima.
Se queres um “amigo”,
Este eu não posso ser,
Se quiseres um abrigo,
Uma vaga eu lhe posso ceder.
Seja um abraço com sentimento,
Ou palavras que se expressam.
Cada elogio que tu mereces,
Ou críticas que não te desprezam.
Eu errei, eu sei.
O que devo dizer?
Se talvez fossem calúnias,
E não há como lhe convencer?
Pra quê vingança,
Se já é ruim estar só?
Busco manter-me longe,
Não quero um “efeito dominó”.
Busco alguém que me ouça,
Que não me critique sem saber,
Eu encontrei mais de um,
E um deles era você.
Paro, penso e olho;
Permaneço sentado ao chorar,
Às vezes é mais fácil esquecer,
Do que perdoar.
Tem horas que machuca,
Alguns dizem que é frescura,
Mas se soubessem o que se passa,
Estranhariam a falsa ternura.
Na calada da noite,
Agarro meu travesseiro,
Derramo a última lágrima e digo:
“Chega de ser um aventureiro”.
Tudo é tão confuso,
Tudo nos machuca,
Alguns mentem,
Outros se prendem à culpa.
Sabe aquela boa infância?
Eu queria tanto tê-la de volta.
Mergulho nas lembranças.
Queria ter a mesma inocência,
Poderia eu mudar?
Seria estranho, pois isso nunca me cansa.
Se quiseres alguém pra machucar,
Pode me usar, xingar, o que quiser,
Nem sempre é fácil pedir socorro.
Assim como é difícil ceder,
As pessoas só querem atenção,
São egocêntricas, de novo e de novo.
Aqueles velhos tempos,
Como eu gostaria que voltassem.
Naquele tempo bom e alegre,
Que eu não precisava que me notassem.