NÃO PRECISAS FUGIR (...)
Não fujas de mim,
Não proíba a voz,
Não deixes o tempo assim,
Calado, silencioso e a sós,
Dói cá dentro ao certo,
Meio frio e incerto,
Um nó que esfola a garganta,
Às tantas doou por mim na saudade,
Maldita como sempre atormenta,
E esse coração não aguenta,
Não precisas fugir,
Tão distante como já estás,
Como foste capaz,
Rasgar esses olhos inocentes,
De dor com esse silêncio eminente,
Não fujas mais, nem te escondas assim,
Como se o mal eu fizesse,
Como se eu fosse tão ruim,
Sinto me tão culpado,
Tão despido e abandonado,
Não fujas, ao menos diga,
Porque dessa margem no tempo,
Dessa brisa que desconforta,
Que nem aquece, e só desprotege,
Não precisas fugir, pois hei-de partir,
Para bem longe, sem me expressar,
Pegarei rumo dessa mar,
Sem uma bússola para me guiar,
Já não precisas fugir,
Hoje mesmo hei-de vaguear
Andarilho das estrelas, sem fuso,
Hei de seguir lá no recôndito do tempo
Absorto da dor sem razão,
Pois assim, já não precisarás de fugir,
Repito, eu hei-de partir(...)
(M&M)