EXPLOSÃO
Rasgo o silêncio
Porque gritar, preciso.
São as ondas do mar que se agitam.
Borbulham no meu ser ânsia de grito.
As farpas atravessadas sangram a existência.
Sou eu e não sou eu a viver enlatada,
Num aperto de sardinhas em óleo viscoso.
Que se abra a cancela para a correria
Que se liberte do meu ser a agonia,
Que entalada e coberta de ferrugem, ruge.
Soltar o verbo e xingar, se preciso for, urge
No desabafo da luta cruenta
Que me dilacera a alma
Que enlameia a fé
Que põe fel em minha boca
E com a garganta rouca,
Grito, grito, às margens da maré