A PORTA
Nunca te imaginei tão imponente,
Mas, nunca te vi tão aberta.
Nunca te vi tão fechada,
Mas, nunca te vi flácida.
Nunca te imaginei com travas,
Mas, nunca te vi tão escancarada.
Nunca te vi tão inerte.
Mas, nunca te vi tão viva.
Por muito tempo pensei
Que eras hermética.
Mas, em pouco tempo,
Percebi que não és tanto.
Sempre serás inerte
E não te cabe se abrir.
És referência,
És norte.
És muito do mundo,
És um pouco de mim.
Entre nós dois,
Existe uma trava.
Imagino que ela seja externa,
Fácil de abrir.
Mas, não é tanto assim.
Ela é interna,
Está do outro lado,
Do lado que minha miopia.
Não a me deixa ver.
Teu jogo,
Meu jogo
São antagônicos.
Enquanto me encantas com teu silêncio,
Eu me engano com minhas possibilidades.
Se vou te abrir,
Não sei.
Mas sei bem,
O queres de mim:
Que eu combine os desejos de minh’alma
Com a tua esperança.
Aí,
Tua trava pode se expor
Pelo lado externo.
Aí,
Poderei dizer:
És a porta que se abre
Para o meu futuro.
Rui Azevedo – 28.09.2007