Caderno de Poesia
Depois de um tempo abri o esquecido
Aquele que foi deixado de lado
Para decantar o que me deixa entristecido
Para o fundo o que me deixa indignado
O amor que me atravessa me condena
Aquele das pessoas que me querem bem
Consciência sentencia pesada pena
Como se fosse errado querer ir além
Além da gratidão pela saúde
Na mira, a plena felicidade.
Além de comida no prato,
Um banquete de verdade
Mas escrevendo giro a caneta
E do fundo vem o tempero
De lá emergem capetas
Para me deixar cabreiro
Pois se escrevendo revelo meu coração
Se nas poesias para minha alma uma janela
Em rimas eclode uma infecção
Que já me deixou sequelas
Palavras fortes e negativas
Nauseiam meus sentimentos
Numa êmese e sua narrativa
Do que se passa aqui dentro
Gostaria de falar só de alegria
Mas não consigo abstrair as maldades
Meus filtros estão com avarias
Nada me esconde a verdade
Ninguém gosta de ser criticado
E declarar que a sociedade está doente
Só me deixa mais isolado
Do mundo desta gente
Mas não me considero são
Da minha boca, facas afiadas.
E nos outros a justificação,
Como os outros para suas patacoadas
Mas pelo menos em mim o reconhecimento
Para quem quer sarar o primeiro passo
Até tentei poupá-los dos meus aborrecimentos
Mas pegando a caneta, veja o que eu faço
Na próxima quem sabe uma mais leve
Onde o feio não queira seu lugar ao sol
E consiga esconder a minha febre
O bonito como um paracetamol
Uma poesia para guardar no eterno
Não foi nesta tentativa...
Conseguirá sair alegria do caderno?
Até eu fico na expectativa