ELEGIA A UM RIO QUE PASSA EM MINHA VIDA
Tréguas são réguas,
São réstias de paz;
Águas, não mágoas
Mas fráguas de mais
Léguas e léguas
De vias aquosas
Até que agregue-as
Ao cerne das rosas,
Ao cerne da vida,
No centro de tudo,
Na derme das lidas
De braços desnudos
Que remam a canoa
E rumam-se, arrumam-se
Sob o Sol ou garoa.
Chegadas aprumam-se
Águas lodosas meatos
Da Mantiqueira, prova!
Vale aquoso nato,
Terra d'águas novas*.
Triste rio de águas sujas**...
Meu Paraíba do Sul,
Antes que do Vale fujas
Cuida-te de ser azul.
Devo ser o seu escudo,
Aquele que insta pelo barro
Que carregas lento e mudo,
Ainda que guardado em jarro.
NOTAS: * Mantiqueira deriva do tupi amand'y Kira, ou seja, terra de águas novas;
** Paraíba em tupi significa rio de águas sujas ou lamacentas.