KAISER NINGUÉM XIX
Eu sou o livro aberto cujas páginas vazias preencho percorrendo meu caminho
Correndo contra o vento da verdade que em seu tempo vem como redemoinho
Num astro, diversos universos entre incontáveis outros também relegados ao ocaso
Solitário fugindo do labirinto de si mesmo em meio um meio absurdo à revelia do acaso
Sou mudança constante de estado no momento e no lugar onde estou sendo agora
Aglomerado de água, carbono e outros elementos reagindo em duas vias, dentro-fora
Uma força que pulsa e repulsa na teia da unidade desprezando o poder da sinergia
Consciência dividida pela dúvida, um Eu sem si mesmo ou rumo nas ondas da entropia
Eu sou um livro cujo conteúdo aborda um pouco de poesia com o seu muito de ilusão
Epopéia de uma eterna luta interna resultante do impasse entre a luz e a escuridão
Uma filosofia feita quase em psicografia por um espírito livre que vive cativo ao corpo
Tragado do cume ao sopé do abismo existencial por um dualismo sensitivamente torpo
Eu sou a chave das portas da percepção, uma certeza que desperta os sentidos
O poder da auto afirmação, sou o sim que ri do não, a moral que elege os escolhidos
A linha tênue entre o ômega e o alfa, entre o tudo e o nada, entre o mal e o bem
Um agente que destrói uma ilusão e principia outra, eu sou o Kaiser Ninguém