BEETHOVEN
Passastes, como tudo passa,
Pela tua estrada fatal,
Levastes em teu peito a desgraça,
Mas deixastes tua música imortal.
Em cada nota um gemido,
Em cada som o teu clamor,
Um grito de angústia, em cada sustenido,
Em cada movimento, um réquiem pelo teu amor.
Em cada obra que compunha,
Deixava de si um pedacinho,
Era uma rosa que depunha,
Tirava porém, para si o espinho.
No teu desleixo, na tua surdez,
A nona sinfonia nasceu.
Gigantesca obra no mundo se fez,
Veio de ti e nunca mais morreu.
Ora solitário, triste, calado,
Outras violentamente esbravejavas,
Até o final momento, teu punho fechado
Levantou-se ante a morte que chegava.