Dias Vazios
Dias vazios que silenciam a alma
Dias onde o olhar vaga a esmo
E os pássaros se calam
Diante a trovoada que se aproxima
Dias vazios onde reina a saudade
E o acorde distante já não ressoa
Somente o sol ressecando as folhas
E a pele gasta do agricultor
Dias vazios entrecortados pelo vento
Onde o veleiro carregou os amores
Deixando apenas esse vácuo
Que entorpeceu o meu olhar
Dias vazios onde as rimas choraram
Acompanhando o som do coração
Que trêmulo insistia em bater
Contando a história de uma vida
Dias vazios onde sentei calado
Olhando as águas do manso regato
Que no sopé da montanha matava a sede
Daquela vegetação que roubou minhas cores
Dias vazios que passaram devagar
Acompanhando meus passos lerdos
E cobriram minhas pegadas na areia
Deixando apenas um sussurro surdo
Dias vazios onde morri mais uma vez
E descansei minha poesia
No mármore frio junto ao anjo
Que resgatou o meu espírito