Sê todo em cada coisa

O meu coração é um risco no céu noturno,

os meus pensamentos são formigas.

Reduzido até não suportar,

instigando a água fresca dos túmulos.

Se vejo um pássaro, tenho um coração.

Uma pedra que caiu de um barranco.

Eis uma vida.

Fui colhido na horta do cemitério,

o meu sangue é ferrugem.

Nuvem cheia que passa

segura o meu choro.

A sua luz deitou em minha cabeça

e não encontrou nada para iluminar.

Anti-herói.

O desejo morto.

O fogo morto.

E nisso de querer viver, sim vivi, mas amei.

Então todo o Universo explodiu.

Fiquei sentado, sem camisa.

Ainda ouço os sons das moedas que caíram atrás do sofá:

cada dia mais ignóbil que o outro.

Eu leio 'O senhor Prokhártchin'

e vejo em toda a gente um desiquilíbrio.

Em cada lua vivo exagerado.

Dan Oliveira
Enviado por Dan Oliveira em 02/08/2019
Código do texto: T6710357
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