Sê todo em cada coisa
O meu coração é um risco no céu noturno,
os meus pensamentos são formigas.
Reduzido até não suportar,
instigando a água fresca dos túmulos.
Se vejo um pássaro, tenho um coração.
Uma pedra que caiu de um barranco.
Eis uma vida.
Fui colhido na horta do cemitério,
o meu sangue é ferrugem.
Nuvem cheia que passa
segura o meu choro.
A sua luz deitou em minha cabeça
e não encontrou nada para iluminar.
Anti-herói.
O desejo morto.
O fogo morto.
E nisso de querer viver, sim vivi, mas amei.
Então todo o Universo explodiu.
Fiquei sentado, sem camisa.
Ainda ouço os sons das moedas que caíram atrás do sofá:
cada dia mais ignóbil que o outro.
Eu leio 'O senhor Prokhártchin'
e vejo em toda a gente um desiquilíbrio.
Em cada lua vivo exagerado.