No princípio era vazio
Fluidos rubros gotejam do pulso rígido do poeta direto no papel vazio e tomam formato de poesia, é criação divina.
Estrofe por estrofe o talhe ganha motivação para existir e exige voz para gritar estridentemente aos quatro cantos do parágrafo intimidado.
Versos são como artérias conduzindo a poesia rica em oxigênio à nossos olhos e curando a cegueira insensível demais para ser ignorada.
Eu também sou quartetos e tercetos rabiscados em linhas paralelas à sina de manter-me lúcida.
Eu também tomo goles dessa poesia de botequim servida em taças espurcos a quem passa despercebido.
Eu também carrego em meus ombros o fardo excitante de manter viva o gotejar compassado daquilo que gera um elã em todas as almas sensíveis demais para serem abandonadas.