MEDITAÇÃO NA PEDRA
As madrugadas testemunham tanto minhas saudades,
Quanto meus momentos de felicidade...
E nelas, meus silentes pensamentos
Abandonam-se ao vento,
Talvez no intento de te encontrar em sonhos...
Vejo-me numa pedra, numa clareira de um bosque,
Sentada, só, no meio do nada...
Comigo, o sol poente e essa beleza silvestre
Em torno de mim, apaziguada,
Que me mantém em êxtase, calada...
A luz em tons de rosa pouco a pouco se esvai,
Sendo filtrada por entre as folhas,
E as nuvens vão mudando, fazendo suas escolhas,
À medida que o sol se recolhe e vai se deitando,
Despedindo-se atrás de um monte, no horizonte...
Cai então a noite, despertando de mansinho,
Com a lua prateada e triunfal
Desfilando no celeste caminho,
Onde as estrelas espreitam antes de sair para brincar...
E eu, solitária, lá na pedra, como se a meditar,
Respirando fundo... tentando esquecer o mundo...
Tentando inspirar vida, que seja mais alegre,
Menos triste e sofrida...
Expelindo o ar de todo o mal desta tristeza abissal
Que, sem razão ou porquê,
Achou de sobre mim se abater, hoje...
Ouvindo Frédéric Beethoven - Silence