À Armada
Não sei recordar
mas quando voava por cima dos muros
e assistia às marchas de capacetes perolados
a rainha punha a coroa
e sobre o meu peito
punha o brasão.
E o brasão feria,
feria como a lança e
abria-me o coração como as asas
que voam por cima da murada
rumo às montanhas e aos cabelos
da mata morta.
E eu recordo:
a rainha sorria como as outras
e andava como as outras
e reinava como as outras rainhas,
mas possuía os olhos de estrela diferente
e deitei meus olhos nos seus pés
e pousei meus joelhos contra o solo
e disse: eis-me aqui.
E o brasão feria a essência
mas a rainha possuía cabelos dourados –
como as outras rainhas. E falava como as outras,
e sua voz ecoava para além dos muros, como a das outras rainhas.