QUANDO ELE CHEGA
Nele não há excesso, mas
tão somente o necessário
igual o bálsamo e a dor,
assim feito o dedo e a aliança,
a mão e a luva, a brisa e o calor
ou a fome e a esperança.
Ele é puro deslumbramento
se erguendo junto à penumbra
que escorre na janela do pôr do Sol.
É notável feito a Estrela-Guia,
e esplendoroso igual o amanhecer.
Tem cheiro de terra borrifada
sob os pingos apressados
da chuva vespertina.
E sabor licoroso degustado pelo
velho e bom enófilo.
É o espaço entre o riso da mãe e o choro
do filhinho recém nascido.
Ele surge junto à catraca no ônibus,
na fila do cinema ou na estação.
Chega também no fim da tarde
quando o trabalho permite uma pausa
ou no campo junto ao cheiro do mato
e a cantiga das águas do ribeirinho.
Ele é suave feito pétalas de rosas,
e, às vezes seu aroma de sal do suor
se mistura ao perfume dos jasmins.
Seja pleno de encantamento e ternura,
ou se contorcendo pelas dores do mundo,
é um vulcão em erupção
destilando labaredas pelos cantos da boca
ou esmaecido sobre a cama,
delirando de amor e perguntando
ao espelho se está tudo bem.
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