Mores brasilis
 
Sou brasileiro,
detesto a corrupção
quando lá não estou,
por inteiro.
 
Propina,
que sonora expressão;
um termo que me inclina,
a escolher pelo não.
 
Como brasileiro,
disse que detesto corrupção;
como oportunista e interesseiro,
aprecio os benefícios dessa maldição.
 
A corrupção passiva
desperta no cidadão um macete.
Aquela justifica a ativa
e regula o balancete.
 
A corrupção é horrenda
quando outros abriga sob sua tenda.
Como ser social e gregário
quero ser parte dessa Fazenda.
 
Moeda é para circular
de um para outro e para toda a gente.
Por que não posso eu
ser um elo dessa corrente?
 
Desserviço, prejuízo e safadeza,
vocifera o moralista;
até surgir a certeza
do ganho fácil com seu nome na lista.
 
Sexo pago e corrupção
ninguém procura nem faz.
Na hipocrisia da vida,
não se encontra um que não corra atrás.
 
Não sou corrupto;
sou inocente.
Não venha você
e me tente.