VEM COMIGO

Vem comigo nesse caminho

feito sombra amiga

desarmando ventos contra

passando por cima do que assustar.

Vem comigo nesse chão

arrebatando cheiros floridos

domando freios atrozes

deixando toda dor pra lá.

Se, por acaso, o tempo rosnar

se engasgos tivermos,

se tremores vierem à tona,

agarra minha mão.

Essa mão que tanto já viveu

que tanto já chorou,

que tanto já quis fugir daqui,

que tanto parecia frágil, seca, pálida,

sem alma nenhuma.

Daí vamos adiante embalados na mesma voz,

amamentados no mesmo colo,

semeados no mesmo querer-bem

que se fazia esquecido de nós.

Daí o mal se despede, se desnuda,

o mofo se desfaz,

a ferida cessa de golpear,

pra paz pousar e aqui ficar,

e não escorrer pra fora nunca mais.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 30/07/2019
Reeditado em 30/07/2019
Código do texto: T6707880
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