VEM COMIGO
Vem comigo nesse caminho
feito sombra amiga
desarmando ventos contra
passando por cima do que assustar.
Vem comigo nesse chão
arrebatando cheiros floridos
domando freios atrozes
deixando toda dor pra lá.
Se, por acaso, o tempo rosnar
se engasgos tivermos,
se tremores vierem à tona,
agarra minha mão.
Essa mão que tanto já viveu
que tanto já chorou,
que tanto já quis fugir daqui,
que tanto parecia frágil, seca, pálida,
sem alma nenhuma.
Daí vamos adiante embalados na mesma voz,
amamentados no mesmo colo,
semeados no mesmo querer-bem
que se fazia esquecido de nós.
Daí o mal se despede, se desnuda,
o mofo se desfaz,
a ferida cessa de golpear,
pra paz pousar e aqui ficar,
e não escorrer pra fora nunca mais.