AO VIR ___________________
E, ao vir da poesia, desperta,
tal uma matilha,
sanguínea,
estalando as mandíbulas,
alma em barco sem velas,
naufragada e quase extinta à
margem de si.
E, ao vir da paisagem,
ensaio do paraíso,
seria mais que palavras,
seria calor,
enquanto durasse o corpo e o sangue
a correr nas veias...
Ah, esse fluxo vermelho em
corpo fêmea!
Vinho! Bendito seja!
E pousa, uma gota, sobre o branco da folha...
sangra! Dessa que, quando goteja, marca!
Lateja escarlate...
Levanta-se,
punhado de sombra em direção ao corredor,
e cabelos soltos,
vencida pelas horas...
tem sonhado mais que vivido ou o inverso?
Não sabe, também não se sabe,
e, ainda que não esteja nela, não totalmente,
derrama-se letra menina sobre a cama...