ATEMPORAIS
Aterrissei (num sonho) sobre a tua carne tesa,
no calor da luxúria da tua vagina em labaredas
(um vulcão amplo de fúria e por onde explodia
tudo o que um homem pode chamar de poesia).
A fumaça de dois corpos e de duas almas proibidas
que morriam mil vezes. E duas mil vezes renasciam
sem a confiança do infinito ou de alguma outra vida
que não as nossas, ali, donas da calma e da adrenalina.
O sono não nos servia. O que seriam a noite e o dia
se não saíamos do chão sem abrirmos as cortinas?
Há melhor banquete do que a tua geleia de Rainha?
Ouvia lívido o teu vocabulário chulo feito sinfonia:
o dialeto afrodisíaco dos gemidos. Caos e harmonia.
A confusão debochada das horas. Não acordei ainda.