ANIVERSÁRIO
Sorvo a manhã do meu aniversário,
mas só na noite encontro um refrigério.
Cada dia é uma névoa de mistério
em que espreita, escondido, um adversário.
Movo-me como um peixe no aquário,
mergulhado num sonho deletério.
Mal respiro, mas lanço um impropério
surdo, qual grito dentro dum armário.
Luto para vencer este martírio,
esbracejando num esforço inglório
que me liberte deste mau augúrio.
Eis que a Vida ressalta do delírio.
Dispara-me um sorriso aleatório
e segreda-me a Esperança, num murmúrio.
11-5-2005