ADEUS A CARLOS PAREDES
Calou-se a guitarra
na boca da noite.
Crepitam acordes
em mil estilhaços.
O vento impiedoso
perfila o açoite
e rangem as raivas
em loucos compassos.
Sentimos-te a alma
gravada nos ecos
que se repercutem
na nossa memória,
vibrando, espalhados
por ruas e becos,
por vales, por montes
de amargura e glória.
Sorvemos-te a música
em tom de arrepio,
tangidas as cordas
sem dedos no centro.
Com a tua ausência
choramos de frio.
Soluçam guitarras
pela noite dentro.
24 de Julho de 2004