DESENCANTO
Abrem-se as persianas da alvorada
dando entrada ao sorriso do amanhã.
Uma aura de alegria, ingénua e sã,
vem reunir a esperança tresmalhada.
Víbra o eco de passos na calçada,
caudal de sons a matraquear o afã
de alcançar a quimera por que tan-
tos tombaram no asfalto desta estrada.
Embalo-me no abraço deste vento
e parto, em flecha, de olhos no horizonte,
direito à fúria da manhã. Mas triste
foi acordar envolto em desalento
sem ver o Sol escorregar do monte…
Ó madrugada, sempre me fugiste.