Cinema Minimalista de Amor
O roteiro é mínimo.
E é vertiginosa e sagaz a volta do ponteiro.
A paisagem é mais verde,
o asfalto é negro e chupador de tensões acumuladas
mas é vermelha a expectativa que pulsa.
A tranqüila janela do ônibus. A janela que corre infinita.
Coadjuvantes à beira...
Tic-tac, tic-tac...
Bip, bip, bip...
Luz, câmera, paixão...
O texto não está pronto,
mas, ainda assim, pronta está a locação.
E a (e há) música nos olhos tristes
do casal de atores ávidos.
Distantes e convergentes.
Viajantes.
Aventureiros cansados de suas aventuras pessoais:
eles só querem agora um filme calmo e minimalista.
Eles são um par
- mas eles são ímpares (e é lindo que assim sejam),
como são ímpares as pétalas de uma flor;
como são ímpares as cores do arco-íris
onde o nosso par de aventureiros desliza.
E segue a estrada.
E segue a viagem
que, como todas as viagens, é em direção a si.
Esqueça-se o roteiro.
Que se incinere, que rasguem-se os originais.
Improvise-se então...
Faça-se então o amor natural:
este que precisa ser reinventado;
reaprendido num filme cego
de sorrisos e lágrimas
que não tem final.