Cinema Minimalista de Amor

O roteiro é mínimo.

E é vertiginosa e sagaz a volta do ponteiro.

A paisagem é mais verde,

o asfalto é negro e chupador de tensões acumuladas

mas é vermelha a expectativa que pulsa.

A tranqüila janela do ônibus. A janela que corre infinita.

Coadjuvantes à beira...

Tic-tac, tic-tac...

Bip, bip, bip...

Luz, câmera, paixão...

O texto não está pronto,

mas, ainda assim, pronta está a locação.

E a (e há) música nos olhos tristes

do casal de atores ávidos.

Distantes e convergentes.

Viajantes.

Aventureiros cansados de suas aventuras pessoais:

eles só querem agora um filme calmo e minimalista.

Eles são um par

- mas eles são ímpares (e é lindo que assim sejam),

como são ímpares as pétalas de uma flor;

como são ímpares as cores do arco-íris

onde o nosso par de aventureiros desliza.

E segue a estrada.

E segue a viagem

que, como todas as viagens, é em direção a si.

Esqueça-se o roteiro.

Que se incinere, que rasguem-se os originais.

Improvise-se então...

Faça-se então o amor natural:

este que precisa ser reinventado;

reaprendido num filme cego

de sorrisos e lágrimas

que não tem final.

Luciano Fortunato
Enviado por Luciano Fortunato em 27/09/2007
Reeditado em 27/09/2007
Código do texto: T670425