Tigresa
Ela era uma moça curiosa
Vinte e poucos, meio louca e bondosa
Desde muito cedo trabalhava
Adulta, foi dona de casa: com o filho morava
Tamanho amor e carinho pra ele dava
Não achando que fazia o bastante, ainda estudava
Acredite, meu bem, ela ainda ousava: nada a intimidava
Como menina sonhava
Como mulher planejava e realizava
Vivia longe da família e dos amigos, mas se bastava
Aquela mocinha adorava mudar o cabelo
Demorou, mas começou a fazer as pazes com o espelho
O corpo é dela, que ninguém meta o bedelho!
E daí se era magrela?
Quem tinha que gostar de si era ela
E daí se tinha estrias?
A maternidade compensava: foi sua maior alegria
Como toda mulher era cheia de manias
Mas a que mais gostava era escrever poesias
A autenticidade dela espantava
Acha mesmo que ela ligava
Se tinha gente perto quando chorava?
Meio louca, meio santa: ela se equilibrava
Sorria de maneira tão intensa que iluminava
E tudo o que ela mais queria na vida era ser luz
Se tinha um ídolo? É fácil responder: Jesus
E quando amava
Não sabia ser meio amor, amava inteira
Romântica ela: do tipo montanha, chalé, fogo na lareira
Por falar em fogo, quando se apaixonava
Sua pele ardia
A tal moça arredia
Amansava, suspirava: seu olhar brilhava
Intensa, verdadeira e transparente se mostrava
Daquelas que se vê no rosto o que quer
Amava e sonhava como menina
Dominadora, também gostava de quem a domina
Se entregava e se dava como mulher
Dos erros e tropeços que deu era feita
Ela era humana, afinal, imperfeita
Mas ela era uma moça boa
Com medo de magoar e machucar qualquer pessoa
Entretanto era um dos poucos medos que tinha
Como tigresa era forte, independente, bravinha
Em oração, ela desabafava com Deus no dia mal
Ela sentia como se Ele a pegasse no colo, afinal
Proativa, desânimo e estagnação não tinham vez
E se perguntarem por que ela foi e fez
Responderei apenas que ela é mulher:
Ela, queridos, pode fazer o que ela quiser