As paredes do meu quarto

As paredes do meu quarto.

Sou corajoso em tocá-las, garanto, só eu.

Elas são pura carnificina, fedem, sangram, lacrimejam. Nelas escorrem uma secreção da qual não sei dizer.

Estão em um constante processo de putrefação, mas isso, é quando eu quero.

Tudo depende de mim, eu as criei, eu domino, defino-me como o deus.

Abro as janelas,

enfim, a luz entra. Leva consigo toda a escuridão. Ergue-se o vento, toma para si toda a carnificina. Chega o sereno, banha a alma das paredes, ela escorrem, mas a secreção insiste em ficar.

Chega, cansei.

Fecham-se janelas.

Acendo dois incensos, e deixo as paredes fazerem o seu trabalho.

Pseudo: Raízes

Aldo Monteiro e Aldo Monteiro
Enviado por Aldo Monteiro em 24/07/2019
Código do texto: T6703753
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