BRILHOS MERECIDOS
Sou um velho canoeiro atiçado pelos folguedos
que o mar encanta.
Marujo ensandecido nas barbas de uma loucura
que se fez vida, que se diz alma, que se quer plena.
Furacão hibernado dentro de mim, vagando
nos labirintos desse enredo por vezes feliz,
por vezes sangrando enxurradamente.
Aprendiz do meu próprio reinado, lutando
pra entender o porquê desse chão voar, sonhar,
arremeter seus poros pra confins tão proibidos
e puídos, tão meus.
Vagão vagando a esmo nessa alegoria
dantesca, bagunçada, de métricas afiadas,
de gosto vingado, de fé parida, benzida, safada.
Bandido arredio, um tanto pálido de munição,
ungido pelas tenras paúras do bem-querer, do
bem-saber, do bem-ter, do bem-ser.
Sou palhaço espevitado, de destroços resolutos,
marquês das pétalas da paixão, candango
repentista e afoito pra entrar nesse palco
e brilhar como sempre fiz por merecer.