BRILHOS MERECIDOS

Sou um velho canoeiro atiçado pelos folguedos

que o mar encanta.

Marujo ensandecido nas barbas de uma loucura

que se fez vida, que se diz alma, que se quer plena.

Furacão hibernado dentro de mim, vagando

nos labirintos desse enredo por vezes feliz,

por vezes sangrando enxurradamente.

Aprendiz do meu próprio reinado, lutando

pra entender o porquê desse chão voar, sonhar,

arremeter seus poros pra confins tão proibidos

e puídos, tão meus.

Vagão vagando a esmo nessa alegoria

dantesca, bagunçada, de métricas afiadas,

de gosto vingado, de fé parida, benzida, safada.

Bandido arredio, um tanto pálido de munição,

ungido pelas tenras paúras do bem-querer, do

bem-saber, do bem-ter, do bem-ser.

Sou palhaço espevitado, de destroços resolutos,

marquês das pétalas da paixão, candango

repentista e afoito pra entrar nesse palco

e brilhar como sempre fiz por merecer.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 24/07/2019
Código do texto: T6703095
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