Não Sou Pássaro, Sou Flor
Hoje me perguntaram
Se caso tu me procurasses arrependido
Por teres ido embora
E jogado fora
Tanto amor sem nem tê-lo vivido
Eu perdoaria
Mas a pergunta eles erraram
Tu já foste perdoado, só não sei se te aceitaria
Tu chegaste como sol
Enquanto no peito nevava
Eu me tornando fria
Me fizeste sentir amor
Para depois de deixares o teu cheiro no meu lençol
Roubares minha alegria
Deixando tanta dor
Onde já sangrava
Nunca amei ninguém como a ti
Sentimento que sobrou no peito roto
Tantas coisas que podias ter sido
Escolheste ser logo escroto
Para ser sincera, não sei se ainda tens lugar aqui
Antes lembrando de ti os olhos brilhavam
Lembro de como nossos corpos e olhares se encaixavam
Porém hoje meu semblante fica entristecido
Se disser-te que não sinto mais nada,
Creias: é uma mentira deslavada
Mas não posso permitir
Que me bagunces outra vez
Sem intenção de me ajudares a arrumar
Tu sempre serás meu eterno talvez
Mas eu não posso mais te amar
O amor que senti por ti era de devastar
Amor intenso assim
Eu só encontrei num lugar
Era aqui dentro de mim
Quando jogaste fora, eu corri a pegar
Desde então tenho aprendido a me amar
E estou aprendendo o meu valor
A ficar longe de canalhas
Tampouco aceitar migalhas
Que não sou pássaro, sou flor
Posso até não ser ser flor para se cheirar
Mas sei que sou para adubar, regar, podar e cuidar
Quem não dá conta, que nem tente plantar
Sou frágil, delicada, não sobrevivo em qualquer lugar
Porém também sou cheia de espinhos
Que servem para me lembrar
Que antes se proteger e ficar sozinho
Do que permitir ser tocado por quem vai te quebrar