MURMÚRIOS INAUDÍVEIS
Esse alguém que passa sozinho pela estrada
Alta madrugada, passos lentos, murmúrios inaudíveis
Sem compreender a rua
Os postes, as luzes e as substâncias quiméricas...
As serenatas longes tocam o passado
E um amor desconhecido de hoje
Flutuam no ar as aspirações do dia
Passeiam distantes passos apressados
E medo e chuva...
Esse alguém que sonha o sonho ausente
E canta palavras confusas
E mente na noite sem quem o escute
Sou eu e ninguém
Porque somos o mesmo
Muitos em um, multidão de gente
Pensamentos vários
Andando nas ruas da noite
Sem lua, sem postes, sem sonhos e utópicas substâncias...
Os olhos desvendam o passado, mas não é uma opção
Nem uma verdade
Uma simples representação da noite
Que se perde sob nossos indistintos passos
Para o mesmo lado todos seguimos
Todos seguimos a lua, mas ela não está
Só a estrada vazia
A chuva insistente
O medo insistente...
Numa noite sem fim, alta madrugada, murmúrios inaudíveis
Sou eu quem caminha na estrada do tempo
Sozinho...