MURMÚRIOS INAUDÍVEIS

Esse alguém que passa sozinho pela estrada

Alta madrugada, passos lentos, murmúrios inaudíveis

Sem compreender a rua

Os postes, as luzes e as substâncias quiméricas...

As serenatas longes tocam o passado

E um amor desconhecido de hoje

Flutuam no ar as aspirações do dia

Passeiam distantes passos apressados

E medo e chuva...

Esse alguém que sonha o sonho ausente

E canta palavras confusas

E mente na noite sem quem o escute

Sou eu e ninguém

Porque somos o mesmo

Muitos em um, multidão de gente

Pensamentos vários

Andando nas ruas da noite

Sem lua, sem postes, sem sonhos e utópicas substâncias...

Os olhos desvendam o passado, mas não é uma opção

Nem uma verdade

Uma simples representação da noite

Que se perde sob nossos indistintos passos

Para o mesmo lado todos seguimos

Todos seguimos a lua, mas ela não está

Só a estrada vazia

A chuva insistente

O medo insistente...

Numa noite sem fim, alta madrugada, murmúrios inaudíveis

Sou eu quem caminha na estrada do tempo

Sozinho...

João Barros
Enviado por João Barros em 22/07/2019
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