Como?
 
Como viver, ser feliz, se tudo desmoronou?
Como andar sem limites, se na estrada, cortaram meus pés?
Como respirar, se, ofegante, o fôlego se transformou em dor?
No revés da vida, a força tem seus longos dias de fraqueza,
Com certeza, há mais caminhos na estranheza,
Que doido e tão doída são as histórias cortadas,
Amordaçadas são as palavras, afogando sentimentos,
Banho que se toma em tormentos,
Lamentos que deveriam nem se dar o direito do relato,
Uns brincam, de fato, outros querem o concerto,
Atitudes que poucos tem, 
Dizem que melhor é viver iludido,
Para mim, isso não tem sentido,
Se a vida é feita de sonhos, prefiro a realidade palpável,
Utopia engasga, no final, é indigesta, prato que se come cansado, 
Gente que se preza, sonha, mas sonha limpo,
Em milhões, existem os corajosos que não conhecem  a covardia,
Não se encostam em costumes,
Não pisam nos outros, como se fossem estrumes,
Dura é a vestimenta que cai quando a verdade sobressai,
Quando a gargante seca, pede água a um poço sem vida,
Já não sabia se era eu, ou fantasia,
Quase não vivi em mim, como viveria, se tudo tinha fim?
Já deu tudo o que tinha que dar, já tinha ido,
O que restou da aquarela colorida se sozinha, se sufocou?
Como o cinza pedia cor, o tempo arranhou,  deslizou por sobre o coração,
Tudo ilusão, pensei na semente, na flor...
Não! Criação de quem constrói castelos de areia, 
Metades vidas, vividas metades, escorregadias,
No ar, sem alicerce para se enxergar,
Quem mereceria tudo de mim?
Não, não estou a fim, assim a vida me fez agir, pensar,
Tudo não passa de pensamentos enrolados, 
Grito surdo, mudo, calado, ecos roucos, loucos,
Já não tenho hora  para me desfazer,
Foi querendo flores que pisei no concreto,
No engano, querendo o certo,
Se valeu? Não!  Não me satisfaço com o incompleto,
Meu nome é inteiro, não fatias pintadas, sem espaço, 
O amor tem direito ao primeiro,  não a vivência apertada,
Feito nó que não desafoga, feito o choro que implora o sorriso,
Percebi que já tinha visto tudo, como tudo já tinha outro sentido,
Dar murro em ponta de faca, para que? 
Se o mínimo que eu posso fazer por mim, 
É entender que a morte espera, e vem a todos, 
Assim como a Vida, que por mais difícil que foi, que seja,
Dentro de cada ser humano há uma vida que nunca se viveu,
A perfeita, onde o Amor, realmente planta a semente,
Que nesse mundo,
Nunca nasceu.





 
Teônia Soares
Enviado por Teônia Soares em 22/07/2019
Reeditado em 22/07/2019
Código do texto: T6701772
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