LAPSO TRANSCENDENTE

LAPSO TRANSCENDENTE

por Juliana S. Valis

Fechei os olhos por um só momento

E senti um sonho voar na estrada,

Senti o espírito viajar no tempo,

E como nada fui, não me apeguei a nada,

Não me apeguei ao "ter", que se desfaz no vento,

Não me apeguei ao mundo, nem ao que ele brada,

Não quis ser cópia, nem a passo lento,

Dessa mesmice que a "civilização" nos brada,

E, em mim, restou esse pressentimento

De que ser livre é uma questão de calma,

É não se prender a padrões de tempo,

É ultrapassar as linhas escritas numa palma,

É sonhar com insônia, em cada pensamento,

É deixar voar um pássaro que se chama "alma",

Sem roteiro, mapa ou ressentimento:

Sinta-se como o vento que transcendeu o nada.

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