COISAS NULAS
Todas as minhas lembranças
Se parecem com as manhãs
Que a mentira não compensa
Duetos são graves e a paisagem
Nunca se cansa de ser
O sonho que não existe
Para e deixa o coração continuar...
As palmeiras existem sem fim
Como dragões mortos no tempo
De coisas nulas e fantasias primorosas
Guardem o horizonte nos olhos
Nos olhos azuis das meninas loiras e das
Carícias que o canto desmente
Flores simplificam o campo
E o rio seca infinitamente
À beira da cidade que cresce sobre os homens
O vento vem ventando
Sobre o vão do vaso
E o verso que verso na noite
Cheira ao vento
Que venta no vão da vida
Escuta-me, esquece esse sonho
Que a essência se perde, somente
Na sombra do doce esquecimento
Vejo o rio, sorrio
Ao vê-lo subir
Pena que o rio seque
E não siga seu curso
Pena que a noite volte e sempre
Deixe o sorriso, fingindo
Um amor que não ama
Todas as minhas escolhas são avulsas
E deixo que as coisas aconteçam
Por si
Não me canso de esperar mesmo que
A espera continue para sempre
Dentro de mim
Sonhar é melhor que querer
E tudo é o mesmo
E o escuro é um breve e insistente
Ruído no ouvido
De vidro a valsa
Que o vento
Inspira
As coisas não morrem
Porque a morte
Permanece além da vida