COISAS NULAS

Todas as minhas lembranças

Se parecem com as manhãs

Que a mentira não compensa

Duetos são graves e a paisagem

Nunca se cansa de ser

O sonho que não existe

Para e deixa o coração continuar...

As palmeiras existem sem fim

Como dragões mortos no tempo

De coisas nulas e fantasias primorosas

Guardem o horizonte nos olhos

Nos olhos azuis das meninas loiras e das

Carícias que o canto desmente

Flores simplificam o campo

E o rio seca infinitamente

À beira da cidade que cresce sobre os homens

O vento vem ventando

Sobre o vão do vaso

E o verso que verso na noite

Cheira ao vento

Que venta no vão da vida

Escuta-me, esquece esse sonho

Que a essência se perde, somente

Na sombra do doce esquecimento

Vejo o rio, sorrio

Ao vê-lo subir

Pena que o rio seque

E não siga seu curso

Pena que a noite volte e sempre

Deixe o sorriso, fingindo

Um amor que não ama

Todas as minhas escolhas são avulsas

E deixo que as coisas aconteçam

Por si

Não me canso de esperar mesmo que

A espera continue para sempre

Dentro de mim

Sonhar é melhor que querer

E tudo é o mesmo

E o escuro é um breve e insistente

Ruído no ouvido

De vidro a valsa

Que o vento

Inspira

As coisas não morrem

Porque a morte

Permanece além da vida

João Barros
Enviado por João Barros em 19/07/2019
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