A RAPOSA E AS UVAS

O futuro

É o inalcançável instante

Põe-se sempre verde

Para não o colhermos nunca

Está sempre na

Interminável estrada em

Que os passos buscam o

Encontro festivo e o sucesso

Definitivo

O progresso desmente

Nossos olhos

E nutre-nos de um

Infindável sentido de permanência

Perdemos tudo

Mas

Iludimo-nos com as sensações

E o resto das coisas

Que fingimos ter

Sossego oportuno

De tempos vencidos em manhãs

De barulhos indetectáveis

Irreconhecíveis

Que as notícias sacrificam no

Momento definitivo

O agora, previsto, desintegra-se

Como metal inculpável

Em masmorra fúnebre

E adquire o sentido

De inesgotável incredulidade

Falsos devaneios

Irrompem ao acaso

Ilusões de vidas

Plenas e previstas

O futuro é o mar azul

Parreirais de sonhos

Uvas sempre verdes

Para a colheita da impossibilidade

De olhos marejados

E infinitamente silenciosos

Nós, somos o decreto

Da tragédia impura

Que viola o íntimo

Despetalar da noite

Raposas incrustradas na planície

Lagos, continentes e alabastros

Buscando a

Interminável despedida

E a perfeita forma

Os momentos que nos chegam

Cercam-nos e morrem

Em redes imprevistas

Com doses de silêncio e

Murmúrios:

Paisagens

Verdes uvas

Verdes campos

Saudade da antiga casa

Feita de orações e instantes vagos

“as uvas estão verdes”

Diz a raposa

Tristemente...

João Barros
Enviado por João Barros em 19/07/2019
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