inominadas
Inominadas
do livro "marés
Casinhas sem nome...
Apenas a cadeira vazia,
Treliças rasgadas
Embalando saudade
D’outros dias...
O sol que inda arde
Na enxadada tardia...
A enxada descansa o fio
Escorada na parede nua,
Ornada com o pé
De trepadeira seca
Pedindo poda e água,
O podador desistido
Foi-se a procurar serviço
De melhor paga...
Casinha sem nome,
Na ausência presente,
O resignado ir-se embora
Tentar vaga sem trelho
Nos edifícios a meio feitos,
Inda vazios de paredes,
Entregues ao nu dos pilares,
Ouvindo os ventos nos ares
Assobiando suas bases
De escravatura forçada...
Melhor seria voltar
A plantar-se onde se nasce
E que a enxada replanta
À espera da germinação
Das batatas novas...
Casinha sem nomes,
Pessoas sem nomes,
A peia se alonga
E cola cal e cimento
Nos sapatos e nos rostos
E nas camisas rotas...
Mas a casinha espera
Com suas goteiras
E fuligens e picumãs
Que inda volte arrojado
O senhor das eiras,
No demanhã...
sergiodonadio