Bálsamo da solidão
O quarto vazio
O som incessante
Da máquina a escrever
Forjar uma realidade
Paredes amareladas
Caminham a sufocá-la
Lá fora, passos ritmados
Motores, e a chuva
Cheirando à novidade
Cá dentro
O velho mofo
Música antiga
Repetida à exaustão
Dedos nervosos
Desabam sobre as teclas
Cigarros molhados
Vêm à boca seca
Para então caírem
Destroçados
Cinzas do dia
Cada vírgula sôfrega
Debocha no papel
Dos pontos esquecidos
Dor, cansaço, euforia
Bálsamo da solidão
Ao chegar o sol
Rasteiro pelas entranhas
Não há fim, é certo
Um breve pulsar
Um respirar
E o recomeçar contínuo