Cinco passos
Cinco passos para chegar ao abismo
Para enxergar do alto
As carcaças dos sonhadores
Que, como eu, daqui foram jogados
Nessa escuridão sem fim
Onde não existe alma
Nem velas, nem orações
Apenas o som sibilante do vento
A cortar o tempo
Declarando morta a humanidade
As mãos sujas, os cabelos
O corpo doente, cansado
Os pés sangrando, misturam-se
À poeira, ao barro, às pedras
Atrás uma multidão de desvalidos
Arrastam-se, sem medo
É o fim, mas ninguém teme
Cinco passos e acabou
Esse tempo, real ou não
Não permite definição
Ele existe enquanto caminhamos
Enquanto permanecermos
À beira do abismo