Desafiar a noite
o frio, a fome
adormecer sob papelões
e efeito do alcool,
nada se comemora,
a não ser a decadência
e a pronunciada morte.
O Estado me evita,
riscado da constituição,
sou ninguém,
zero a esquerda,
tua piedade não me comove,
tua esmola sim, essa me move.
tua moeda jogada pra se livrar de mim,
piamente jogada, sustenta meu vicio,
necessito dela para sobreviver,
até que a morte nos separe
Tenho alguma opção? nenhuma..
Tens alguma sugestão? nenhuma...
o distinto ignora o meu nome,
desvia de mim os  teus olhos,
sujo, fétido e maltrapilho,
te causo repugnância,
sou a invisibilidade social,
as portas estão fechadas.

Autor: Benedito Morais de Carvalho (Benê)