Sistema de labirintos
Em que ritmo mudou
O termo fixo intuitivo
Sobre o artifício das horas?
Quase nos enganamos ou somos enganados?
Mas há algo comum na humanidade que se modifica
Na variação da sombra que produz luz
Na escassez dos sonhos no prato quase vazio
Que alimenta pouco a identidade de muitos.
O quarto escuro guarda imagens dentro da alma
Na alma que apenas sinto, mas não vejo
Sem o exercício da ação que me desloca.
A flor no vaso requer compreensão
Da ternura de mão alheia
Que de tão comum
Sobrevive ignorada.
É a imagem de tudo que se reprisa
Na excêntrica lua esquálida
À espera de eclipse para desdobrar o sol
Em suas fases tão iguais.
A lâmina da saudade corta o retrato imorredouro
Em pétalas esvaídas dessa breve ternura poeirenta
Descortinando o sopro da brisa fina
Sobre o estático móvel antigo e pesadão.
No primeiro termo acuso o tédio
Sem remissão sobre a pobreza operária
Cuja escravidão é curtida para o amanhã
Na qual sobrevive com a ilusão de crédito
Nesse homem que não grita e sofre
Entre objetos que não lhe garante o manto
Para a ternura do presente no futuro.
Surge então o medo desmedido
Cuja conclusão é o nada intuindo visões
Relâmpagos, temporais, anúncios de quem vive bem
Como espécie de solução comum
De ser e não ser entre ganhar e perder.
Na escravidão a devassidão se instala
Como prêmio barato no vício propício
Ambos se vestem de santo
Na resposta ingrata de ser
Produzido por altos mesquinhos
Fabricando miséria
Cujo lucro investe-se
Numa produção sem custos.
Vício que acalma como o coice
Do coito sem espelhos
No abajur azul.