A MAGIA DE SER DONO DO CIRCO

(ato 1)

o poema que está em mim

o poema que sou eu

não é o mesmo de minutos atrás

um poema planta sombras

nos espaços entreluz

ele sequer aventa a hipótese de ser

um nave espacial em órbita ao redor

do cérebro

não aceita as intercorrências do

coração descompassado diante de

um novo amor

nem é fada madrinha

nem lenda nem mito

é tanto tudo sendo poema

que ele próprio não se reconhece

não sabe quem é

tampouco o que é

(ato 2)

o poema é um malabarista de circo

trabalhando na rua fria

ignorado pelos motoristas

poema é coelho trapezista saindo

da cartola do palhaço no globo da morte

(ato 3)

senhoras e senhoras

e agora, para encerrar esta noite,

o momento mais esperado

por toda a plateia.

com vocês, o mais aguardado

dos números de hoje

preparem-se! recostem-se em suas cadeiras

respirem fundo, prestem muita atenção

pois, para finalizar este espetáculo

quero convidar a cada uma das pessoa

a assistir com atenção

a morte

ops, a parte mais importante dessa noite.

retumbem os tambores

prendam a respiração

abram bem os olhos, os ouvidos

o coração a mente

e sem mais delongas, com vocês

o

po - e - ma!