O que me resta?
A garganta seca
De quem chora no escuro
A voz embargada e a dor esmagada
Sobre o porvir
Flutuando sobre o oceano do futuro
Que será de mim, Oh Deus, que será de mim?
Sou agora a sombra embaçada do que era
A ausência do viço
Não escrevo mais cartas de amor
Não suspiro ao cheiro das flores
Passeio na vida, apenas
Sou sentinela da morte, que espreita
Espero encarar seus olhos fundos de furor
-Já me roubastes tudo, direi a ela
-Tiraste de mim a certeza das horas
O que tenho, o que me resta?