Onze-horas
No canteiro central do jardim,
Elas floriam às onze horas.
Chamadas Onze-horas,
Não me deixavam perder o almoço.
O fogão certamente fumegava
Aroma de feijão da mãe,
No canto da chapa quente.
Abertas, as Onze-horas convidavam
A apertar o passo até a casa.
Várias cores no relógio do tempo,
Espalhavam aquarelas
Desde a ponta da rua.
Apaixonada por elas,
Pouco as vejo hoje,
já não há quem me espere
À beira do fogão.
Perdi as horas do tempo,
Na passagem fugaz pelas ruas.
Perdi o encontro,
Perdi as cores da juventude
E já nem sei que horas são.
Dalva Molina Mansano