Espelho
Enquanto o dia vagueava entre tarde, entre noite,
deixei-me levar pelo conforto daquele estofado,
meio nuvem, meio ventre...
Em uma dança meio lúcida, meio débil,
Pousei os olhos nos olhos daquele que estava emoldurado na parede, não reconheci!
Me rendi como barco se rende ao ninar do mar e, adormeci!
A casa da razão se faz distante,
Pareceu- me que nunca antes havia sido inquilino!
Nessa aventura sem corpo tudo é luz, tudo é cintilante...
Me sinto um estrangeiro a desvendar novos sabores.
Nesse mundo de coisa nenhuma ser dono de si mesmo
É o passaporte para existir!
Tomei nota sobre o conceito,
Escrevi no tempo todos as dores racionais.
Intui que havia chegado a hora de partir!
Viajei cego!
Ao retornar...
Olhos nos olhos
Dei de frente
Com meu reflexo,
E pude então me reconhecer.