ILUSÃO DE ÓTICA

Estico a seda da noite contida sob um sereno sombrio.

Vou e volto ao arquivo. Deleto. Insiro. Salvo. Suprimo,

feito matar na guerra dos nervos, os miolos da espinha,

entre a nuvem elétrica do verso e a sua chuva escondida

— quero só permanecer quieto no segundo longe da centelha

nuclear do signo enriquecido e radioativo por sua natureza...

Quero só um silêncio sem bater as pernas. Sem esta presença

quase cheia da poesia sempre alerta; no êxodo das labaredas

da linguagem indigente que dá no meio da cabeça e algema

a luz de um raro instante dentro da ilusão de ótica do poema.