HANGAR

O teu sorriso é feito um guia,

um farol, um ímã para a minha

quilha, um delicado astrolábio,

uma estrela sedenta, um arco

de carnes trêmulas, hangar da língua

— quero mais do que a anfetamina,

mais do que o fumo do meu cigarro,

mais do que o alto grau do meu trago.

O teu sorriso é o passaporte

para a terra dos gemidos fortes,

onde tempo não passa de um tempo

— a morte em um suspiro imenso.

O teu sorriso agridoce brilha:

vela no breu do sol do meio-dia.