Sobre o Tempo
Tenho tempo, mas não é de sobra
O tempo está em minhas dobras
E no meu pensamento em silêncio
Mesmo que o tempo chova lá fora
Aqui por dentro o tempo me sova
E o pão do tempo é meu fermento
Ter o tempo e não esnoba-lo
E no embalo do tempo dança-lo
Como quem dança com uma moça de vento
Como quem sabe que o tempo é cura
Como é o mais cruel dos venenos
Querer o tempo e saber usá-lo, macio
Como água bebida na palma da mão
Saber que o tempo é infinito para todos
Mas que guarda em cada um seu fim anunciado
Portanto, o tempo é o nosso senhor
E nossa liberdade frente ao mundo
Deter o tempo entre os dedos da mão
É acenar para um futuro que não sabemos
Mas sentimos a cada riso e cada gozo
E o tempo nos possui a cada noite
A cada dia que vem com seu novo gosto
Pois o tempo nos embriaga de desejo
Pois sabemos que o tempo é o nosso fosso
Milton Oliveira
11jul/2019