Guerra

A guerra é uma febre no começo da noite

É quando a boca emudece

Os discursos param

O tempo observa

Estraga as conversas de esquina

Tira as pessoas da rua

Faz com que a música não toque mais

Escurece olhos antes tão brilhantes

Apaga certas marcas e produz outras

Acrescenta à rotina rumores maliciosos

Assusta o gato, o cachorro, todos os bichos

Domésticos e selvagens

Abate o pássaro no voo

Eleva os índices do medo

Molda o espaço

Dá novo sentido a determinadas palavras

É uma doença que chega no começo da noite

E leva a óbito no fim.

João Barros
Enviado por João Barros em 10/07/2019
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