O NOVO MUNDO
CAPÍTULO I - NA TERRA DE SANTA CRUZ
Amaldiçoarei para sempre Pedro Alvares Cabral
por ter me trazido aqui, à Terra de Santa Cruz.
Não vimos até agora nada que fosse especial
somente índios e todos completamente nus.
Caminho a esmo. Eis que vejo naquele instante
uma bela índia tomando banho no rio solitária.
Estou só mesmo, porque não a ter como amante?
índios são ingênuos, logo ela deve ser uma otária!
Logo mais, quando eu retornar para a civilização,
À minha querida Lisboa, não levarei nada daqui.
Nem a mesmo terra desde lugar irá comigo não.
Baterei meus sapatos até o último pó cair ao chão.
Em Portugal me casarei com a moça que conheci.
Rica, filha de um nobre, de uma família de tradição
CAPÍTULO II – CARI
Aproximo-me da silvícola. Minha aproximação é aceita.
A índia abre minha boca e meus olhos com suas mãos.
Entorta a minha cabeça para esquerda e para direita.
Bate forte no meu cocuruto com seus dedos pagãos.
Olha para mim e sorri. Entendo como consentimento.
A nativa fecha os meus olhos e toca a minha jugular.
Sinto dor enorme no meu pescoço naquele momento.
Era uma faca bem afiada no meu pescoço a pulular.
A visão escureceu de vez. Minha vida chegara ao fim.
A índia conta o que acontecera e pede a feitura do ritual.
Numa cerimônia festiva meu corpo será devorado enfim.
Meu espírito olha para meu corpo e tolamente o provoca.
Está vendo o que fez, seu infeliz! E porque não dizer boçal!
Virou alimento indígena cujo acompanhamento é mandioca.
O FILHO DA POETISA