A Chuva

A tempestade lá fora era constante, as árvores chacoalhavam incessantemente, a chuva lembrava noites nostálgicas da infância, que agora, se tornavam apenas lembranças esquecidas... O caos aqui dentro era grande, mas não maior que a saudade daqueles tempos, fechei os olhos na esperança, de encontrar naquela cama meus sorrisos isentos...

Os trovões estavam mais perto, os feixes de luz partiam o céu, a escuridão da noite caótica fazia meus ossos tremerem... Minhas lágrimas quentes aqueciam minha face pálida, e as memórias se perpetuavam em tristezas. A selva parecia furiosa, os pássaros batiam em revoada, e minha mente confusa e curiosa, olhava daquela janela assustada... Era tarde, e não se tratava apenas das horas, mas de toda minha triste história, que eu estava deixando ao partir... No criado mudo deixei uma última carta, um tanto clichê... E antes de abrir minhas frágeis asas, lembrei do seu rosto, lembrei de você, por um instante eu quis desistir de desistir de tudo, me veio um refluxo a cada lembrança, lágrimas mortas, lágrimas de esperança...

Desci a escada depressa mudei todos os planos, reescrevi as memórias e cartas, e me enrolei por entre panos... Os céus pareciam gritar comigo, mas não havia nada a se fazer... Maior que a vontade de sumir, era minha vontade de morrer, mas Deus não quis assim, não era hora ainda, só era uma triste despedida.

Fechei a porta sem dizer adeus, olhei uma última vezes para o que eu iria deixar para trás, riachos saiam de meus olhos... Encarei a floresta em minha frente, tudo o que eu conseguia escutar era o vento, e no compasso dos passos diferentes, estava eu ali em meu breve descontente violento, respirei fundo, até me misturar com a densa e agitada noite de Chuva.

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Natália Reis de Assis
Enviado por Natália Reis de Assis em 07/07/2019
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