LÁ LONGE
LÁ LONGE
Lá longe uma luz intermitente
Rasga a bruma do horizonte;
Meu Deus, que luz será aquela,
Tão bela?!
Os galos, clarins da madrugada,
Ainda dormem,
E só algum rafeiro de guarda,
Late aqui, e outro mais além,
Mas não acordam ninguém.
E, junto às 'amarelas',
Só eu e meu pai,
Que de vez em quando
Para animá-las,
Solta um 'eixe' brando
Macio como a brisa,
Que perfumada vai passando.
Lá na 'Dezessete'
Uma jovem africana rebola a anca,
Coisa igual por estes olhos nunca vista;
Mil brinquedos coloridos e reluzentes
Enchem tendas e balcões,
A espicaçar nossos corações,
-Doces regalos!
E sem poder alcançá-los.
E aquela luz fez-se sol,
Virou chama e incendiou
Minha alma sonhadora de criança;
E fez-se mais alta que aquele farol,
Transportou-me à outra margem
Onde a vista não alcança.