TRÊS NOMES

I.

Eu não me chamo de nenhum nome dos homens,

pois tenho muitos entre os meus versos de ontens

no hoje do agora. Me sirvo do que não diz o poema.

Não compartilho o eco das línguas que envenenam

a rede faminta. Meu nome é o beco. É o pó da esquina.

II.

O inverno pulsa na pele tremida. O sândalo refrigerado

(passageiro do vento que passa inconstante pelo quarto).

Os minutos roçam as horas. Um silêncio nervoso habita

a fila onde a madrugada prepara a cova da noite chovida

pingo a pingo. Meu nome é o nimbo. É a fumaça do infinito.

III.

Deslizo o dedo veloz no aplicativo dos vídeos que sabe

das minhas preferências. O byte ubíquo do deus dos mares

onde nuvens navegam. Sobre o poste os fantasmas fumam

na curva da calçada e a luz abóbora da lâmpada camufla

o pé da galinha. Meu nome é o nada. É o resto da farinha.